Ensaio sobre a Cegueira

A leitura dessa obra foi uma das mais difíceis, não pela dificuldade em compreender a maneira como o escritor a concebeu, isso foi tarefa simples, o português, mesmo sendo de Portugal, é mais do que acessível, é claro e simples.

Entretanto, no transcorrer da estória, os fatos, ao mesmo tempo que me instigavam a continuar, me chocavam demasiadamente. Era como se eu estivesse em uma viagem sem fim às profundezas do lado mais sordido da alma humana. Muitas situações, quase que inimagináveis, de sofrimentos e questionamentos, que pareciam não terem respostas, era como caminhar em um labirinto sabendo que ele não possuia uma saída, um labirinto sem fim.
Existiam, em meio a tantas dores, demonstrações de amor e lucidez que serviam de alimento para a esperança de encontrar um final feliz, ou seja, uma resposta para os questionamentos; mas aquelas - as demonstrações de amor - não preenchiam o vazio deixado no transcorrer da leitura.
O final, de certa forma, me deixou um pouco consolado, deixa implícito, pelo menos em minha leitura, que existe um caminho.

Leiam, é uma leitura que vale muito a pena.

“Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso”, disse o escritor José Saramago, por ocasião da apresentação pública do seu romance “Ensaio sobre a Cegueira”.